O trabalho de grupo é essencial!

Data: 17/04/2015 (cerca de 6h na instituição)

Objectivos: Preparação para realizar a 2ªActividade “Oficina da Criatividade”; Realização da 2ª Actividade “Oficina da Criatividade”; Auto-avaliação individual e de grupo da actividade.

Intervenientes: Mariana, Xana, Ana, 19 alunos do 4ºAno, a professora e uma auxiliar de educação.

Ontem houve festa na nossa instituição! Fazia 19 anos e por isso durante a tarde iam decorrer actividades festivas e isso impossibilitou-nos de deixar preparada a sala para  a actividade de hoje. Desta maneira, combinámos encontrarmo-nos hoje na instituição às 9h para termos tempo de deixar tudo pronto para a 2ª actividade da “Oficina da Criatividade”!

Conseguimos preparar a sala mais rápido do que pensava, em 15 minutos estava tudo feito, tudo preparado para receber o grupo de crianças, por isso ainda houve tempo para um cafézinho e descontrair um pouco antes do grupo chegar.

Eram 09h55 e já estávamos na recepção à espera que o grupo chegasse, nesse tempo de espera fui vendo alguns trabalhos que alunos de diferentes escolas tinham feito para um concurso que a instituição tinha feito, em que o tema este ano eram “os planetas”. Realmente havia trabalhos fantásticos e muito criativos!

Tinham passado cerca de 20 minutos das 10h (hora em que começa a actividade) quando o grupo chegou. A Fernanda já nos tinha dito que este grupo “conhecia a instituição melhor do que nós”, pois já tinha ido a inúmeras actividades realizadas na instituição, e isso foi notável principalmente na 2ªetapa da actividade – passeio pela instituição – em que as crianças estavam muito mais interessadas em apanhar os materiais para o desenho criativo do que propriamente ver os animais. Alias, muitas vezes até passavam pelos animais e nem paravam para ver, pois já não era de todo uma novidade para eles.

Começámos então a fazer a 1ªetapa – apresentação e a actividade do quebra-gelo -, como referi a semana passada hoje foi a Ana a responsável por esta etapa. Falou bem e com confiança mas houve algumas partes que se esqueceu de referir, como por exemplo a actividade do quebra-gelo, por isso eu e a Xana tivemos de intervir. Esta actividade correu bem e as crianças fizeram-se ouvir.

Na 2ª etapa as crianças recolheram imensos materiais, e ao contrário da semana passada, estas crianças quando recolhiam os materiais pensavam como iriam utilizá-los. Por exemplo, uma criança disse “Vou usar esta folha para fazer uma árvore!”, conseguiam relacionar mais os materiais ao desenho, e não só apanhar por apanhar. Foi difícil conseguir “controlar” os 19 alunos durante esta etapa, pois era uma turma de traquinas que gostavam muito de fazer palhaçadas e serem engraçadinhos! A professora e a auxiliar de educação que acompanhava o grupo não nos acompanhou nesta etapa, acabou a actividade de quebra-gelo e simplesmente ficaram nesse sítio sem sequer avisarem. Portanto nós as três tivemos literalmente responsáveis por aquelas 19 crianças. Mesmo com as imensas visitas que já tinham feito à instituição, senti que as crianças gostaram de dar o passeio, pois nunca tinham feito nenhuma actividade deste tipo, com este objectivo. Houve muita adesão da parte deles à recolha de materiais, e tal como na semana passada, os cestos estavam cheios!

Dirigimo-nos para a sala com alguma confusão e desorganização, havia aquelas crianças mais rebeldes que gostavam de nos desafiar e por isso não cumpriam logo à primeira. Acho que consegui lidar bem com estes imprevistos e até brincar um pouco com estas crianças mais desafiantes!

Em relação ao desenho, fiquei admirada (novamente) com a criatividade das crianças! Estava a pensar que se calhar as crianças da semana passada, do 1ºAno, seriam mais criativas do que as do 4ºAno. Sempre ouvi dizer que por norma, quanto mais pequenos somos mais criativos somos. Mas esta 2ªActividade da “Oficina da Criatividade” revelou que nem sempre é assim. Obviamente que foi difícil conseguir que todas as crianças tivessem o mesmo entusiasmo e dedicação no desenho criativo, mas no geral todos estavam felizes e aplicados a realizar o seu desenho.

Aqui estão alguns desenhos criativos realizados hoje:

Na parte da avaliação da satisfação tivemos um macaco triste no passeio à instituição, o que quer dizer que não gostou. Foi o Pedro que disse que não tinha gostado porque achou essa fase “aborrecida e secante!” e gostava mais de fazer coisas criativas. Em relação à apreciação do desenho criativo, todos as crianças gostaram de fazer e quase todas quiseram levar o desenho para casa.

O balanço global desta 2ªActividade foi bastante positivo e sinto que estávamos mais descontraídas do que a semana passada, não tanto durante a actividade mas antes da mesma não estávamos tão ansiosas ou nervosas. Fiquei contente com a adesão do grupo, só demonstra que escolhemos o público-alvo adequado e que tanto as crianças do 1ºAno como do 4ºAno gostaram da actividade e não acharam desadequada, infantil ou fora do contexto.

Depois das crianças terem ido embora e  de termos limpo a sala (a sala estava bastante mais suja, com folhas e penas no chão, do que a semana passada. Sem dúvida que estas crianças eram mais “mexidas” do que os da semana passada!), fomos responder ao questionário de auto-avaliação, primeiro individual e depois em grupo.

E foi na auto-avaliação de grupo que surgiu uma conversa que acho que foi bastante positiva. Tirando a 1ªetapa da actividade, eu não ouvi a Ana durante todo o resto da actividade, por isso sinto que não houve entreajuda entre todos os elementos do grupo. Devido a isso, tanto eu como a Xana falámos com a Ana. Uma conversa que já tinha surgido no fim de uma aula de SIPV com a professora, mas que hoje sinto que consegui perceber e ajudar mais a Ana. Não é só timidez, é também medo de falhar. Como grupo, eu e a Xana dissemos que ela não tem de ter medo de errar, porque nem eu nem a Xana somos mais do que ela e todas erramos! Somos um grupo portanto todas temos de participar de igual forma, todas temos de ter capacidade de motivar as crianças, todas temos a mesma oportunidade de dar a nossa opinião, de falar dos nossos medos. Ela não pode simplesmente ter sempre uma atitude tão passiva, tem de falar e interagir mais connosco. Esta conversa não foi de todo para que ela se sentisse mal mas com o intuito de nós a conseguirmos ajudar e de a fazer perceber que pode contar connosco, que nós não a vamos julgar ou culpar caso alguma coisa corra menos bem. A mim faz-me um pouco de confusão a atitude tão passiva dela porque eu não sou de todo assim. E por isso tentei mostrar-lhe que muitas vezes até estou nervosa ou ansiosa e tento não mostrar mas que não tenho medo de fazer, posso ter medo de falhar mas isso não pode permitir que não faça as coisas. A conversa durou ainda alguns minutos e acho que conseguimos pôr a Ana mais à vontade connosco, e quando continuamos a auto-avaliação ela interagiu muito mais!

O trabalho de grupo e principalmente o trabalho em equipa é importantíssimo na nossa actividade, e também na nossa vida académica e futuramente profissional. “Numa equipa os membros devem resolver as suas diferenças pessoais, encontrar forças para prosseguir (…) quando uma equipa funciona harmoniosamente, os membros podem concentrar-se na sua meta principal de melhorar um processo/projecto”.

Catunda & Neto apresentam a seguinte definição de grupos de trabalho:

“… é um conjunto de dois ou mais donos de trabalho que formam uma unidade organizacional identificável que é considerada como parte permanente ou não de uma organização (…). São pedras fundamentais da construção do desempenho da organização. Estas são unidades onde o trabalho dos indivíduos é reunido para gerar bens e serviços que são despachados para um usuário dentro ou fora da organização…”.

Quick cita exemplos dos diversos papéis que se desenvolve entre os membros do grupo para o sucesso do desenvolvimento de equipas, sendo eles de “apoio, confrontação, moderação, mediação, harmonização, sintetização e observação do processo.” Sem dúvida que hoje, enquanto grupo, tivemos um papel de confrontação – “Na relações do grupo pode ocorrer momentos em que um membro se desloca em direcção aos seus interesses individuais, dificultando a actuação dos demais, inibindo, ridicularizando, sendo necessário por outro membro do grupo a confrontação do comportamento indesejável. A atitude de confrontação deve ser apenas ao comportamento e não às pessoas, alerta o autor, sob pena de se desfazer o grupo e provocar ressentimentos nas pessoas.”

Sinto que foi uma mais-valia termos tido esta conversa. E, sem dúvida, que mais importante que o sucesso da 2ªActividade da “Oficina da Criatividade” foi este diálogo entre o grupo, esta confrontação.

Para a semana temos a última actividade, o grupo que vai realizar a actividade será um grupo com necessidades especiais. Foi bom termos conseguido arranjar (Obrigada Fernanda!) três grupos diferentes para podermos, na avaliação dos resultados, comparar a adesão e os interesses dos diferentes grupos.

A temática gestão de conflitos está a ser abordada na unidade curricular Gestão de Organizações Educativas. É algo que me está a interessar bastante e por isso decidi complementar este diário de campo com uma pequena síntese sobre este tema:

O conflito é definido por Thomas (citado por McIntrye, 2007: 297) como “o processo que começa quando uma das partes percebe que a outra parte a afectou de forma negativa ou que a irá afectar de igual forma”, esta definição tem três características: (1) O conflito tem que ser percebido, senão, não existe conflito; (2) Tem que existir uma interacção; e (3) Tem que haver incompatibilidade entre as partes.

Uma outra definição de conflito de Coser (citado por McIntrye, 2007: 297) refere que o que está em causa no conflito são os nossos valores.

O conflito pode ser positivo ou negativo, caso o conflito seja positivo vai fazer com que as relações interpessoais sejam mais eficazes, caso o conflito seja negativo existe uma redução no bem-estar e uma baixa eficácia quanto às relações interpessoais. É de referir que quando não há conflitos numa organização pode significar que existe um desinteresse dos colaboradores pela própria organização. “Uma organização democrática e aberta, oferece melhores e mais positivas maneiras de enfrentar o conflito” (Likert e Liker, citado por citado por McIntrye, 2007: 301), ou seja a própria cultura da organização vai influenciar o tipo de estilo de conflito.

Rotter (citado por McIntrye, 2007: 300) afirma que as pessoas com o “locus” de controlo externo experimentam mais conflito do que as pessoas com um “locus” de controlo interno, isto é, as pessoas que acreditam que são elas próprias que influenciam as suas acções e comportamento não tendem a experimentar tanto o conflito como as pessoas que acreditam que os acontecimentos nas suas vidas são influenciados pelas pessoas ou acontecimentos fora do seu controlo.

O modelo de Rahim (1992) combina duas dimensões: preocupação consigo próprio e preocupação com os outros. Combinando estas duas dimensões, produzem-se cinco estilos de lidar com o conflito: (1) Evitamento – Revela uma baixa preocupação consigo próprio e com os outros; (2) Acomodação – Revela uma baixa preocupação consigo próprio e uma alta preocupação com os outros); (3) Dominação – Revela uma alta preocupação consigo próprio e uma baixa preocupação com os outros; (4) Concessão Mútua – Revela uma preocupação média consigo próprio e com os outros; e (5) Integração – Revela uma alta preocupação com os outros e consigo próprio). Como McIntyre refere se as duas partes utilizarem os estilos de concessão mútua e de negociação, as duas partes poderão pensar que perderam e não ficarem satisfeitas. Isso pode levar a que haja dificuldades acrescidas para a próxima ronda de negociação. O ideal será que as duas partes utilizem o estilo de integrar, ou de resolução de problemas. Assim, o clima de confiança poderá criar condições para que o conflito seja resolvido de uma forma criativa e duradoura. 

Segundo McIntrye é o gestor que irá ajudar na gestão de conflito e por isso surge a necessidade de fortalecer as competências inerentes aos gestores para enfrentar e resolver o conflito. Assim sendo, é cada vez mais imprescindível numa organização que os gestores tenham formação na gestão de conflitos. É de sublinhar que o que vai determinar se o conflito é construtivo (positivo) ou negativo será a motivação das pessoas envolvidas.

E mais uma competência que este trabalho me está a ajudar a adquirir é a gestão de conflitos, pois sinto que sou "capaz de manter uma comunicação aberta e eficaz com os colaboradores, concentrar-se na formação de equipas e no desenvolvimento de trabalho em equipa."

Fontes Bibliográficas:

https://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2001/trabalhos/EQC003.pdf

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/104500/Trabalho%20em%20equipe%20uma%20estrat%C3%A9gia%20de%20gest%C3%A3o.pdf?sequence=1

https://www.portal-gestao.com/item/2576-gest%C3%A3o-de-conflitos-laborais.html

Referências Bibliográficas:

McIntre, S. (2007). Como as pessoas geram o conflito nas organizações: Estratégias individuais negociais. In Análise Psicológica, 2 (XXV): 295-305