Uma actividade com imprevistos mas Especial.

Data: 23/04/2015 (Doutoramento Honoris Causa) 24/04/2015  (cerca de 7h na instituição)

Objectivos: Preparação para realizar a 3ªActividade “Oficina da Criatividade”; Realização da 3ª Actividade “Oficina da Criatividade”; Arrumar todos os materiais que utilizámos durante as actividades; Auto-avaliação individual e de grupo da actividade.

Intervenientes: Mariana, Xana, Ana, 12 “clientes” da Instituição Crinabel, 4 auxiliares de Educação e o Giovanni (estagiário da Instituição).

Antes de escrever sobre a actividade de hoje, a última “Oficina da criatividade” realizada na Instituição que estou, vou falar um pouco do meu dia de ontem porque acho que foi um dia diferente e marcante para mim tanto a nível académico como pessoal.

Ontem, dia 23 de Abril, a Universidade de Lisboa atribui o título de Doutor Honoris Causa a personalidades com um «curriculum científico, artístico ou cultural de elevada projecção internacional», por proposta do Instituto de Educação. Sérgio Niza e Agustín Escolano receberam este título. A cerimónia contou com a participação do Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa e do Professor Doutor Justino Pereira de Magalhães, que fizeram o elogio dos doutorandos na qualidade de padrinhos.

Sabia a grande dimensão desta cerimónia e como poderia ser proveitoso da minha parte puder assistir a tal evento.

A professora Estela referiu que estavam à procura de voluntários para ajudar na organização do Doutoramento Honoris Causa, por isso voluntariei-me para fazer parte da organização deste evento. Começava às 18h mas como tanto eu como algumas colegas que também se voluntariaram teríamos de saber quais as tarefas destinadas para cada uma de nós, fomos para a reitoria por volta das 16h. As tarefas eram simples: receber os convidados, dizer o sítio onde tiram de se sentar caso tenham confirmado a presença, entregar o guião da cerimónia, e antes do coro entrar subir ao palco para retirar as cadeiras e as mesas (confesso que esta foi a parte mais atarefada, pois teríamos de entrar em palco no momento certo e tentar não fazer “estragos” como arrastar as cadeiras ou deixar alguma coisa cair, mas correu tudo bem!).

Pudemos assistir à cerimónia como qualquer outro convidado e no fim da mesma podemos desfrutar de um banquete de comida e conviver com alguns professores do IE. Até tivemos direito a tirar uma fotografia com o Professor Jorge do Ó e o Professor Doutor António Nóvoa!

Como referi, foi sem dúvida um privilégio colaborar e assistir a esta cerimónia com nomes e referências tão marcantes na área que estou e que tanto me interesso, a Educação.

 

 

 

 

 

 

Agora falando do dia de hoje na instituição. Foi a última actividade da “Oficina da Criatividade”. Sinto que estas três semanas passaram “a voar” e fico com pena de já não haver mais actividades, por um lado considero que poderíamos ter optado por implementar a actividade mais do que três vezes mas depois se calhar também seria um pouco “apertado” para conseguirmos analisar os resultados das actividades e a verdade é que o mês de Maio é ocupado com imensos testes e trabalhos para outras unidades curriculares. E também já tenho saudades das minhas Sextas-Feiras livres. Portanto três dias para três actividades com três públicos diferentes foi o ideal!

Quando chegámos à instituição, por volta das 9h, ainda não chovia mas a previsão do meu iPhone raramente falha e dizia que iria chover por volta das 10h/11h. Estávamos com medo que a actividade ficasse afectada se estivesse mesmo a chover mas não nos preocupámos muito com isso. É curioso, há duas semanas estávamos literalmente em pânico caso chovesse e hoje estávamos tranquilas caso isso acontecesse porque não podíamos realmente fazer nada, apenas adaptar a actividade se estivesse a chover.

Estávamos motivadas e relaxadas como revela a fotografia (tirada antes da actividade).

 

O grupo de hoje, tal como referi a semana passada, era um grupo de Educação Especial da Crinabel – Cooperativa de Solidariedade Social e de Ensino Especial. O grupo era de 12 participantes (“clientes” como são chamadas pelas próprias auxiliares e também pela instituição) que vieram acompanhados por quatro auxiliares de educação. Eram 12 pessoas, adultas, com deficiências variadas. Estava com medo que talvez houvesse algumas pessoas com deficiências motoras que condicionasse a 3ª e mais importante etapa da actividade – o desenho criativo – mas não foi esse o caso.

Educação Especial – Educação Inclusiva:

Educação Especial é o ramo da Educação que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas com deficiência em instituições especializadas, tais como escolas para surdos, escolas para cegos ou escolas para atender pessoas com deficiência mental. A educação especial é uma educação organizada para atender específica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto outras se dedicam a vários. O ensino especial tem sido alvo de críticas por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças. Por outro lado, a escola direccionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de ensino precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. 

A educação, além de contribuir de forma significativa para o crescimento económico, é fundamental para o desenvolvimento pessoal e social dos cidadãos, pilar de uma cidadania activa e participativa, e o elemento chave na redução das desigualdades sociais.

Como refere o artigo de David Rodrigues, “A educação tem mesmo que ser inclusiva?”  (analisado o semestre passado em Modelos de Formação - www.publico.pt/sociedade/noticia/a-educacao-tem-que-ser-mesmo-inclusiva-1608519  ) , publicado no jornal Público de 9 de Outubro, esta educação pretende integrar nas escolas alunos com necessidades educativas especiais, isto leva à criação de grupos que “permite a todos os alunos um alargamento dos seus horizontes ao nível das relações humanas, da socialização e da aprendizagem”.

Há, sem qualquer dúvida, da parte da instituição onde estou uma tentativa de incluir as crianças/jovens/pessoas com necessidades educativas especiais naturalmente na instituição. 

A expressão plástica é também muito importante nas pessoas com necessidades educativas especiais, pois a actividade artística e toda a sua experimentação, para além de salientar a criatividade, fornecem uma disposição espacial, organização, estruturação, manipulação de materiais e a procura de figurações físicas, visuais ou sonoras. 

“A prática da arte prepara a pessoa para, observar e reflectir sobre as experiências artísticas, a arte dá direcção para entendê-las melhor e, sobretudo, deparar nos caminhos para auxiliar a manifestação da criatividade e imaginação da criança no meio em que vive.” (Santos, 2013)

Voltando à "Oficina da criatividade", hoje o Giovanni – estagiário da instituição – acompanhou-nos durante a actividade e foi ele que preencheu o questionário de avaliação interna. Começámos a actividade, como habitual, com a actividade de apresentação. Correu bem e todos disseram o seu nome e quais os animais que mais gostavam. A diferença que reparei, principalmente nesta parte, em relação às outras duas actividades que foram realizadas com crianças, foi o barulho. Havia muito menos barulho, gritos ou pessoas mais “rebeldes”. A 2ªetapa foi, como previsto, afectada por factores externos (a chuva) e por isso durou apenas alguns minutos e depois fomos para a sala para começar a fazer o desenho. Não considero que o facto de esta 2ªetapa não ter sido feita no tempo delimitado tivesse causado problema no desenho criativo, pois aquele grupo já tinha visitado a instituição inúmeras vezes. A parte que ficou por realizar e que tenho pena de não ter sido possível concretizar, foi eles próprios recolherem materiais, mas como nós já tínhamos previsto que a chuva poderia atrapalhar as nossas actividades já tínhamos recolhido materiais suficientes antes de começarmos a implementar a actividade.

Deslocámo-nos então para a sala e cada mesa ficou ocupada com 4 pessoas. Como nas outras actividades, cada uma de nós (dinamizadoras) ficou responsável por uma mesa. A minha mesa era, sem dúvida, a mais criativa! Notei que ao contrário dos outros grupos, estes participantes estavam um pouco mais tímidos para começarem a desenhar. Mas sinto que consegui motivá-los e quando começaram “não queriam parar”. Desta vez estive mais atenta e tentei personalizar mais o tempo para conseguir ajudar e motivar cada um dos participantes da minha mesa, e não andar tanto de “mesa em mesa” como das outras vezes. Obviamente que fui espreitando os outros desenhos e por isso mesmo conclui que a minha mesa era a mais criativa! Um factor que nós não nos lembrámos antes da actividade foi que este grupo com necessidades educativas especiais talvez preferisse ficar sentado a fazer o desenho do que em pé. Mas rapidamente tirámos as cadeiras (que estavam na sala) e colocámos à volta das mesas.

Aqui deixo dois dos desenhos criativos de hoje:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando o grupo acabou de fazer o desenho e depois de cada participante “responder” à avaliação de satisfação já não estava a chover, por isso aproveitámos para fazer uma visita à instituição com mais calma, antes dos participantes se irem embora. Quando estava a fotografar os desenhos feitos pelos participantes reparei a vontade de eles tirarem também fotografias (alguns pediram para tirar fotografias comigo), e por isso tirámos uma fotografia de grupo:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aquelas pessoas tinham imensas histórias para contar, e via-se na cara delas que estavam felizes e orgulhosos com os desenhos que tinham feito. Trabalhar com pessoas com necessidades educativas especiais para mim era e continua a ser uma opção aberta. Não vou tirar mestrado nessa área mas é uma área que me interessa e que me imagino a trabalhar futuramente, como se diz “nunca se sabe o dia de amanhã”.

Mais uma vez, quando o grupo se foi embora agradecemos imenso a presença e adesão à nossa actividade! As auxiliares de educação mostraram também o seu agrado quanto à adequação e pertinência da actividade. Isto é uma sensação tão boa! Saber que a actividade foi bem planeada, foi adequada ao público-alvo escolhido e, mais importante do que isso, que o grupo e responsáveis do grupo realmente gostaram de realizar a actividade!

Após o grupo ter ido embora arrumámos a sala e todo o material que usámos com a ajuda do Giovanni (muito prestável!). Depois fizemos a auto-avaliação individual e a auto-avaliação em grupo. A parte dos aspectos a melhorar na auto-avaliação sentimos que realmente não há grandes aspectos a melhorar, a actividade correu bem e não sabemos como poderia ter corrido para ter sido melhor! Se calhar somos pouco críticas quanto ao desenvolvimento da actividade e quanto ao nosso desempenho, mas sinto que fomos sinceras. É de sublinhar que nós as três, enquanto dinamizadoras da actividade, estivemos muitíssimo bem! Quero também referir o progresso da Ana, após a conversa que tivemos com ela a semana passada sinto que ela está a fazer esforços para melhorar e para se integrar mais.

Faço um balanço muito positivo destas três actividades. Adquiri várias competências ao longo destas três actividades, tais como:

- A capacidade de me adaptar a imprevistos;

- Aprendi a gerir conflitos e a tentar solucioná-los;

- Capacidade de liderar um grupo;

- Sentido de responsabilidade;

- Espírito de equipa;

- Melhorei a minha comunicação – linguagem adequada e cuidada perante o público da actividade;

- Capacidade de integrar e motivar um grupo;

- Consciência Ambiental;

Apesar de as actividades já terem acabado, vamos continuar a ir à instituição para trabalharmos no relatório. A fase da execução está concluída, falta agora a parte da avaliação! Vamos também aproveitar para assistir a algumas actividades que ainda não conseguimos assistir.

Até para a semana!

 

Fontes Bibliográficas:

www.ie.ul.pt

https://portalnacional.com.pt/empresa/crinabel-cooperativa-de-solidariedade-social-e-de-ensino-especial-c-r-l-425036/

https://www.publico.pt/sociedade/noticia/a-educacao-tem-que-ser-mesmo-inclusiva-1608519

https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_especial

https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1984/2/ULFBA_TES355.pdf 

https://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-da-arte-na-educacao-inclusiva/112620/

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