Ficha de Leitura 1

Referência Bibliográfica: Ruquoy, Danielle (1997). Situação de entrevista e estratégia do entrevistador. In Albarello, L. et al. (org.). Práticas e métodos de investigação em Ciências Sociais. Lisboa, Gradiva.

 

Palavras-chave: Entrevista; Investigação; Metodologia; Estratégias; Plano da Entrevista; Contexto da Entrevista; Recolha de Dados; Relações Interpessoais e sociais.

 

Breve resumo do texto: O presente texto apresenta a temática da entrevista, realçando a sua importância e utilidade. São referidas as várias estratégias que podem ser utilizadas numa entrevista (o antes-durante-depois da entrevista) pela parte do investigador.

 

Desenvolvimento: Ao longo dos anos, a entrevista tornou-se um instrumento primordial, sendo um método de recolha de dados, a entrevista está presente na fase exploratória da maioria das investigações.

“A entrevista apresenta um tipo de comunicação bastante particular. É suscitada e pretendida, por um lado, e mais ou menos aceite ou sofrida, por outro. Possui uma finalidade precisa e põe em presença indivíduos que, em geral, não se conhecem.” (p.95)

O autor evoca ao paradoxo que existe ao “interrogar um ser singular quando as ciências sociais se interessam pelo colectivo.” (p.85), assim sendo o sujeito entrevistado é representante de um grupo social.

Quando recorremos à entrevista é porque não temos dados “já existentes”, senão seria mais útil o método de pesquisa documental ou revisão da literatura. Neste sentido, o autor salienta algumas condições subjacentes à sua utilização: relação verbal entre o investigador e a pessoa interrogada, de forma directa ou indirecta; a entrevista é provocada pelo investigador, é ele que “procura” a respostas; uma entrevista para fins de investigação; a entrevista é sempre baseada num guião de entrevista; e uma entrevista numa perspectiva intensa, conhecer em profundidade as reacções do entrevistado.

O autor difere os tipos de entrevistas o seu grau de liberdade, colocando a entrevista semidirectiva num nível intermédio, onde o entrevistado “se deixa naturalmente arrastar, ao sabor do seu pensamento (…)” (p.87), acabando pelo “poder da entrevista” ser distribuído pelo investigador e o entrevistado.

O autor refere as duas maneiras de se definir o objecto de estudo: o procedimento dedutivo (do particular para o geral) e o procedimento indutivo (do geral para o particular).

O que achei mais pertinente neste texto, para uso futuro enquanto licenciada em Ciências da Educação, foram as estratégias de intervenção do entrevistador. O autor salienta a importância do plano da entrevista, ou seja o guia da entrevista (os pontos que o investigador deseja explorar) que pode ser fracamente ou fortemente elaborado. O guia da entrevista distingue-se do protocolo do questionário, pois tende a respeitar o pensamento e a lógica do entrevistado, “o procedimento corresponde bem à lógica da entrevista semidirectiva: explorar livremente o pensamento do outro, permanecendo ao mesmo tempo no quadro do objecto de estudo.” (p.111)

O autor considera alguns momentos-chave de uma entrevista: Os preliminares, que acontece antes do início da entrevista, onde o entrevistado se deve sentir e agir associado à investigação, e onde o investigador deve reforçar a importância do testemunho do entrevistado para o estudo, tentando motivá-lo; O início da entrevista, onde o entrevistador escolhe uma questão introdutória; O corpo da entrevista, onde é conveniente distinguir temáticas, ou seja, tentar que o entrevistado não se desvie do objecto de estudo, e caso isso acontece o investigador tem de tentar retomar o foco; e o fim da entrevista, onde se pode questionar o entrevistado se deseja acrescentar algo.

Após a entrevista, o investigador pode comparar os dados recolhidos e começar a interpretar a informação recolhida com a informação que tinha obtido previamente através da sua pesquisa.


Em suma, a entrevista revela-se uma técnica de investigação que, se bem conduzida pelo investigador, pode ser muito bem aproveitada e facultar ao estudo informação fiável, completa e adequada (não esquecendo o seu grau de complexidade que requer um número variado de técnicas para que essa informação esteja suficientemente organizada de modo a ser útil no objecto de estudo).
 

 

Crie o seu site grátis Webnode