Ficha de Leitura 4
Referência Bibliográfica: Guerra, Isabel Carvalho (2002). Fundamentos e processos de uma sociologia da acção: o planeamento em Ciências Socias. 2.ª ed. Cascais: Principia (pp. 175-207).
Palavras-chave: Avaliação; Pesquisa; Tipos de avaliação; Funções da avaliação
Breve resumo do texto: O presente texto aborda como deve ser feita a avaliação num projecto de intervenção, desde a história até à implementação. A autora faz a distinção de avaliação e investigação. Guerra define avaliação e as suas principais funções. Indica as várias fases que se devem seguir para ser possível obter uma avaliação eficaz de forma a cumprir o objectivo inicial.
Desenvolvimento:
A autora começa por referir que todos os projectos contêm necessariamente um plano de avaliação, e que a mesma é uma componente do processo de planeamento. Fazer uma avaliação é difícil e complexo devido à grande diversidade de modelos e processos de avaliação.
Existem dois tipos de avaliação – A auto-avaliação e a Avaliação interna ou externa – que diferem na forma do controlo das variáveis em causa. A auto-avaliação é realizada pela mesma equipa que a executa (pode eventualmente ter ajuda externa). A avaliação interna é realizada dentro da organização pela gestora do projecto mas com distanciamento da equipa de execução. A avaliação externa é realizada por avaliadores externos à instituição. A avaliação mista como o próprio nome indica é uma avaliação que combina os vários tipos de avaliação.
A preocupação de avaliar os projectos sociais surgiu no início do séc. XX, quando se assistia à procura de meios eficazes e económicos para generalizar os processos de intervenção social. A disseminação da avaliação emerge após a Segunda Guerra Mundial nos EUA devido à multiplicação dos programas sociais, de desenvolvimento urbano, de habituação social, etc.
Os anos 60, caracterizam-se como os melhores anos da avaliação, assistindo-se a um grande desenvolvimento da investigação em avaliação às evoluções verificadas nos métodos de investigação e das estatísticas aplicadas ao estudo de problemas sociais, processos sociais, etc.
A autora aborda que a avaliação e a pesquisa têm diferenças e semelhanças - Ambas utilizam metodologias diferentes, mas recorrem a metodologias tradicionais de investigação em ciências sociais. A investigação difere da avaliação porque não pretende medir os resultados de uma acção nem dar elementos que suportem decisões. A pesquisa é entendida como ”a utilização sistemática de instrumentos de recolha de informação que permitam um melhor conhecimento do real independentemente do uso a dar a esse conhecimento” (Guerra, 2002, p. 184).
Guerra (2002), declara que avaliação é comparar com um modelo, ou seja, medi-lo, e implica uma correcção ou uma melhoria. Afirma, ainda, que a avaliação é considerada como “um conjunto de procedimentos para julgar os méritos de um programa e fornecer uma informação sobre os seus impactes e os seus custos (…) é o processo pelo qual se delimita, se obtém e se fornece informações úteis de uma intervenção ou de um plano que está a ser implementado” (Guerra, 2002, p. 186).
A avaliação tem, pelo menos, quatro funções principais:
- Avaliações como de medida - um processo contínuo articulado com a acção e os resultados finais fazem parte da avaliação;
- Avaliação como utensílio de apoio à tomada de decisão - implica o julgamento, e tem como função principal avaliar acerca da manutenção ou do corte de programas e do financiamento;
- Avaliação como processo de formação - qualificada como um processo de aprendizagem, um instrumento de reflexão e de racionalização face a contextos e aos resultados da acção;
- Avaliação como participação e aprofundamento da democracia participativa - caracterizada como um momento de reflexão dos diversos parceiros sobre as causalidades dos problemas e os efeitos das acções e sobre as decisões sobre a melhor forma de agir.
A autora apresenta alguns modelos no texto: a avaliação experimental / pela investigação; a avaliação por objectivos; a avaliação orientada para a decisão; a avaliação pela utilização; e a avaliação múltipla. Sobre cada modelo, Guerra apresenta a sua especificidade, os métodos utilizados, as vantagens, as desvantagens e as implicações ao nível do avaliador. Na minha opinião, a avaliação que faremos em relação ao trabalho de campo que estamos a realizar é uma avaliação por objectivos pois pretendemos medir a intensidade com que os objectivos foram atingidos. Quanto à nossa aplicação como avaliadores é bastante interactiva e não exige o tipo de neutralidade que a avaliação experimental obriga, sendo o avaliador um colaborador que ajuda à clarificação de objectivos.
Os modelos têm em conta a temporalidade, podendo-se distinguir quatro tipos de avaliação: avaliação diagnóstica; avaliação de acompanhamento; avaliação de resultados; e avaliação de impacte.
A avaliação depende da construção de bons indicadores para medir os resultados de um projecto, esses indicadores devem verificar a adequação do projecto ao contexto, a sua pertinência, eficácia, eficiência, equidade e o seu impacto.
Já tinha a noção que fazer uma avaliação é uma tarefa bastante complexa, pois já tivemos ao longo da licenciatura duas cadeiras de avaliação mas mais focada na avaliação de professores e de escolas. Avaliar um projecto de intervenção é tão complexo como as outras avaliações que mencionei. É, sem duvida, um tema de extrema importância para todos nós, uma vez que ao longo da nossa vida tanto académica como pessoal, e futuramente profissional, estamos constantemente a avaliar e a ser avaliados.
O texto foi bastante útil para saber como é realizada uma avaliação num projecto de intervenção e posta em prática, para conseguir por em prática de modo a ter sucesso no projecto que estou a realizar na minha instituição.